ODOIÁ YEMANJÁ

Movida por forte energia, hoje cedo, dia 2 de fevereiro, fui lá conferir, no largo do Rio Vermelho, ou melhor, saudar, o mesmo que Odoiá. Peguei uma longa fila, só para ver os presentes doados à mãe Yemanjá,e levar o meu é claro, enquanto isto, muitos armam suas tendas nas areias e o que se ver são verdadeiros terreiros ao céu aberto, ressoam os atabaques, ritmando os cânticos sagrados, desfilam todas as linhas da Umbanda e Candomblé, de várias cidades do interior baiano.As saudações são feitas enquanto não acontece a procissão marítima em homenagem a rainha das águas, que na verdade é a entrega dos presentes, arrumados em centenas de balaios. Estes presentes são deixados no caramanchão, armado ao lado da Casa do Peso,que também tem um lindo santuário com a imagem dela,esta casa é assim chamada por ser aonde os pescadores levam o peixe para ser pesado. E uma verdadeira multidão fica na fila, sem reclamar, a fim de entregar seu presente, enquanto milhares de turistas apreciam os ritos de fé, outras pessoas aproveitam para vender flores, camisas, alfazemas, chapéus,colares,etc tudo isto vai se misturando com os vendedores de cerveja e refirgerante nas caixas de isopor. O lado profano da festa acontece no meio desta muvuca, tem barracas, palco para shows, com batuques, fanfarras, até o trio do Psirico apareceu, espaços para festas privadas regadas a feijoada e bandas.
Chega, enfim, o grande momento. A mãe e as filhas-de-santo, marinheiros e pescadores saem com os balaios repletos de oferendas, rumo ao barco que vai levá-lo à Rainha do Mar. E logo parte a procissão dos saveiros e outras embarcações. Num determinado ponto, em lugar bem fundo, o balaio é depositado sobre as águas. Se o presente não afundar, é sinal de que não foi aceito por Yemanjá. Mas ela sempre aceita, bondosa e compassiva, sendo muito difícil que um presente para Janaína fique boiando sobre as ondas, também chamada de Janaina para os espiritualistas, e nossa senhora da Conceição para os católicos...
Ante a expectativa geral, os barcos regressam, com a alegre notícia de que a deusa recebeu de bom grado as oferendas. Os atabaques ressoam mais festivos. Os cânticos se elevam com mais exaltação e alegria. Iemanjá está em paz com seus filhos e propiciará que todos os desejos sejam realizados.

YEMANJÁ é considerada mãe de todos os demais ORIXÁS. No Brasil, é muito venerada, é representada como uma sereia de longos cabelos pretos.
Gosta muito de flores e é costume oferecer-lhe sete rosas brancas abertas, que são jogadas ao mar para agradecimento.
Sua cor é a branca com azul.
0 tipo psicológico dos filhos de YEMANJÁ é imponente, majestoso e belo, calmo, sensual, fecundo e cheio de dignidade e dotado de irresistível fascínio (o canto da sereia).
As filhas de YEMANJÁ são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros.
À deusa das águas recorrem às mulheres que não conseguem engravidar.
Porque é Iemanjá quem controla a fertilidade, simbolizada em seu corpo robusto, forte, em seus seios volumosos e na aparência sensual.
Qualidades, aliás, de todas as suas filhas, que se revelam excelentes como donas de casa, educadoras e mães. Não perdoam facilmente, quando ofendidas.
São possessivas e muito ciumentas. Embora se mostrem tranqüilas a maioria do tempo, podem se tornar verdadeiras feras quando perdem a paciência.
Mais do que isso, não perdoam ofensas com facilidade. Intrometem-se tanto na vida dos familiares que chegam a sufocar, mas a intenção é sempre das melhores.

YEMANJÁ, por presidir a formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o BORI ( quando o filho de santo faz a sua cabeça, ou seja, a mãe de santo confirma a mediunidade da pessoa, e passa a ser sua filha de santo.)
Fato é que muita energia positiva é despreendida, pedidos pela paz, amorosidade são jogados no universo neste dia, e ver um povo tão sofrido, com tanta fé, não deixa de ser um grande espetáculo que merece todo nosso respeito. Odoiá minha mãe olhai por todos nós e continue nos amparando!